O papel queimado

Neste papel queimado, escrevo...
Sem motivo e sem nenhum factor que mereça explicação.
Simplesmente, escrevo.

Questiono-me:
Como me deixei queimar desta maneira?
Mais do que a própria palavra queimado?
Respondo-me:
Deixei, porque pensei que seria melhor queimado.
Deixei, porque, de facto, o papel queimado interessava-me.
E queria sentir-me como ele, queimado...

Olhando em frente, existem mais páginas queimadas.
Como o sei? Não sei.
Simples? Não sei.
Queimado? Sim.
Feliz? Não.

Que louco sou eu que falo com a minha loucura?
Que solitário sou eu que sinto a minha companhia?
Que triste sou eu que sei o caminho para a felicidade?
Que feliz és tu que me vês queimado?
Não és ninguém, apesar de seres tudo...

Afinal, até sei o meu erro.
O papel queimado, é interessante sim.
Eu? Sou interessante, sim. Mas queimo tudo à minha volta.
E não tenho nada que me ache interessante.
Apenas...
Queimado.

1 comentário:

  1. neste texto, fascinou-me a tua maneira requintada de escrever simplicidade. amei

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