(Des)Organização (Parte IV)

'Começarei por criar organização'-
Pensou o indivíduo da mente fechada-
'Ela trazer-me-á riqueza
E terei uma vida muito mais relaxada'.

Não demorou muito
Até todo o asilo ser destruído.
Apesar do miúdo que era,
Já percebia o que era aquele ruído.

Era a velha máquina,
Utensílio de destruição,
Mas que era admirada
Como símbolo desta organização.

O asilo passou a cidade:
Tudo o que era querido por esta sociedade.
Perguntavam a razão de toda a minha ansiedade.
Diziam para não me armar em rebelde
Porque não me dava mais virilidade.

Achava isto ridículo, agora já mais crescido,
Mas do resto, permanecia sempre fechado,
Relembrando o asilo...
Aquele, mais que alado...

Esta organização,
Tão considerada como desenvolvimento,
Tornou-se no pior alguma vez feito:
Criou somente sofrimento.

Querem que sigamos as regras da Organização.
Querem que sejamos escravos da Organização.
Querem que ajudemos a Organização a ser maior.
Mas acreditem, esta Organização só é feita
Para nos iludir e discriminar.
Para nos controlar
E nós nem sequer sabermos o que se está a passar!

Eu gritei isto, mas ninguém ouviu...
Eu escrevi isto, e toda a gente se riu.
A Organização venceu-me.
A mim e ao asilo...
Prendeu-me a ela
E sou obrigado a segui-la...

Agora entendo:
O pássaro sou eu,
E vivo dentro duma gaiola:
A Organização...

Se, pelo menos, houvesse alguém que percebesse
O que o meu canto significa, ao gritar,
Alguém sentiria o desespero que sinto
Por não conseguir voar.

1 comentário:

  1. claro que vi né? (x
    Esta super inteligente.
    a minha estrofe preferida:
    «Se, pelo menos, houvesse alguém que percebesse
    O que o meu canto significa, ao gritar,
    Alguém sentiria o desespero que sinto
    Por não conseguir voar.»

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