Isto

Acabei por descobrir, tanto por obra da casualidade como do querer, que afinal isto ainda está dentro de mim. Quando pensei que tivesse morrido, ou até desaparecido se morrer vos causar alguma ansiedade muito pouco fundamentada, voltou com a mesma intensidade e amplitude de sempre. Quase que me pareceu dizer que era estranho, mas se assim o fosse não haveria uma explicação supostamente normal, apesar de desnecessária, deste mesmo facto. Afinal, aprendemos que as conversas são sempre úteis, apesar de não o parecerem. Quem nos ensina? A reflexão.
Quando estas coisas acontecem, o ser humano tem tendência para pintar muitos quadros para encher a parede altíssima que foi construída. Quem a construiu? Isto. Sim, isto. O que está dentro de mim, que não morreu - desculpem, mas é que às vezes as coisas têm que ser chamadas pelos termos.
Isto, que não se sabe o que é, é despoletado pelas mais simples coisas que são banais para os olhos que olham mas não vêem, tal como um abraço, um olhar, um sorriso, uma conversa, um beijo ou um apertar de mãos. Isto, vê-me a encher esta parede altíssima de quadros pintados por ela, que retratam qualquer um dos gestos antes referidos, de forma geralmente considerada imperceptível, mas que me abre as portas às percepções escondidas desses falados actos.
Eu amo-te, e ficaria assim a vida toda.

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